quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Espanhol foragido é julgado por morte de taxista há 27 anos na Bahia

Começou a ser julgado por volta de 8h30 desta quinta-feira (6), no 2° Tribunal do Júri, no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, um espanhol atualmente foragido, réu do assassinato do taxista Zigomar Albuquerque do Sacramento, ocorrido no ano de 1984, em Lauro de Freitas, região metropolitana da capital baiana. O julgamento ocorre à revelia, já que o réu nunca foi preso.
O juiz José Vilebaldo Freitas Pereira preside o júri, acompanhado pelos promotores de Justiça Antônio Luciano Assis e Davi Gallo Barouh. A defesa é realizada pelo defensor Maurício Saporito. Também participam do júri, com poder de culpabilidade sobre o crime doloso, sete cidadãos voluntários.
O crime aconteceu no Motel Vips, em Lauro de Freitas, no dia 30 de setembro daquele ano. O acusado exercia a função de gerente na empresa e, segundo o Ministério Público, foi autor do crime em parceria com outro gerente, Francisco Espasadin, de 52 anos, julgado e condenado a 30 anos de reclusão em março deste ano. A prisão preventiva do atual réu foi decretada pelo juiz Moacyr Pitta Lima no dia 10 de outubro de 1984, mas ele permanece foragido desde a ocasião do crime.
Conforme o processo criminal, o taxista e sua esposa foram ao motel comemorar o aniversário de casamento e se hospedaram em um dos apartamentos. Por volta das 14h30 daquele dia, solicitaram pagamento para sair do estabelecimento, mas a camareira teria percebido que os hóspedes tinham escrito palavras na parede. Segundo relata o processo, a funcionária informou o dano ocorrido à portaria, que repassou ao gerente.
O processo relata que o réu se apresentou em posse de um objeto e, sem ocorrer discussão, golpeou o taxista na cabeça. A vítima teria sido levada e trancada no mesmo quarto em que estava. Funcionários foram colocados na porta e nos fundos do motel para que ele não pudesse escapar. A mulher do taxista foi encaminhada para o depósito e também vítima de espancamento.
Ainda segundo o relato do processo, o outro gerente, Francisco Espasandin, também espancou o taxista com o mesmo objeto, por conta do risco na parede. Segundo os registros, a vítima chegou a oferecer o seu carro e prometeu assinar cheques em branco, mas o processo continuou sendo espancando. “Prostando-se ao solo, mandavam que ficasse de joelhos e rezasse, e enquanto isso se servia de cerveja, conhaque e fumava cigarros para depois continuar o espancamento, ora sorrindo, ora exclamando ‘vou passear de monza' , “vou passear de monza’”, descreve o processo.
O espancamento ao taxista teria ocorrido até por volta das 17h30, sendo revezado entre os gerentes e funcionários. Quando foi percebido que o taxista já não reagia, perceberam que ele estava morto. Nesse momento, os dois gerentes espanhóis teriam colocado o corpo no carro da própria vítima e o deixaram nas proximidades de outro motel. Eles liberaram a esposa dizendo que o marido estava em uma delegacia de polícia.
 
Condenação
O também espanhol Francisco Espasandin foi condenado a 30 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, no dia 31 de março deste ano.
Denunciado pelo Ministério Público em 18 de março de 1985 por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), o espanhol ficou foragido por 26 anos. Foi flagrado em dezembro de 2008, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão, tentando embarcar para Espanha.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça da Bahia, o réu ficou inconformado com a sentença, agindo de forma agressiva, chegando a afirmar que não se arrepende do que fez. Ainda de acordo com a assessoria, o juiz José Vilebaldo Freitas Pereira reagiu dizendo que nunca viu em sua carreira um processo tão desumano.

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